Por que eu amei o filme Malévola

Depois de desenvolver pavor de crianças mal-educadas e de vê-las em quantidade assombrosa, eu resolvi dar uma forcinha para aqueles que já as têm ou as que estão programando tê-las. Quando vi essa matéria não tinha como não compartilhá-la. por Celia Lima

A palavra tem um impacto imediato no cotidiano das crianças. É a entonação que damos a ela que faz com que os pequenos percebam nossas intenções. O aprendizado de conceitos e valores se dá também através do que é observado, absorvido e vivenciado. Como os valores que aprendemos na infância são os que carregamos pela vida afora, é importante que os pais ou os responsáveis pela criança sejam influências positivas em seu cotidiano. Os pequenos são super antenados, flagram os adultos dizendo algo e tendo um comportamento incoerente com o discurso. Então, é necessário que palavra e atitude estejam em conformidade com a verdadeira intenção dos pais.

O "não" é o limite, é a palavra-conceito que estrutura a convivência em sociedade, que dá a noção de perigo, de reconhecimento de fronteiras. O "por favor" é quase mágico, abre caminhos e possibilidades de conquista. O "obrigado" ganha simpatia e deixa portas abertas e assim por diante. Mas a palavra sozinha pode perder seu valor quando é exaustivamente repetida e não tem a respectiva atitude que a valide, que a torne coerente.

O "não" gratuito, sem reflexão, num primeiro momento deixa a criança indignada porque ela simplesmente quer. Então a criança insiste, insiste, e muitas mães e pais acabam cedendo porque o "não" adveio muito mais do vício na palavra que proporciona "conforto" para os pais do que por um motivo realmente consistente. A criança logo percebe que basta choramingar para conseguir o que deseja, e assim o "não" perde seu sentido. Mais tarde a criança será taxada de desobediente e os pais não se darão conta de que eles mesmos a ensinaram a não dar importância a um pedido ou a um limite explícito.

De nada adianta ensinar a criança a pedir "por favor" quando solicita algo, se os pais não o fazem, mas "ordenam".A dizer "obrigado", se eles mesmos não reconhecem as gentilezas dos filhos, dizendo que não fizeram nada mais que a obrigação diante de uma atitude solidária dos pequenos. Ou pedir à criança que não grite quando ela observa seus pais gritando um com outro e assim por diante. Esses são exemplos clássicos de questões simples do cotidiano, mas que ilustram como a base do caráter é formada através de observação e repetição de comportamentos.

São inúmeras as oportunidades que os pais têm para mostrar a importância de desenvolver e cultivar valores como respeito, generosidade, gratidão, responsabilidade, solidariedade. E a maioria nem percebe as chances que perdem de ensinar seus filhos. Veja, então, como você pode aproveitar situações corriqueiras para solidificar esses valores:

  • A partir dos três anos, peça permissão para verificar a mochila da escola ou avise que vai fazê-lo. Lembre de explicar o motivo: ver se tem roupas sujas, se há recados na agenda, por exemplo. Quando a criança for um pouco mais velha, passe a perguntar e peça que ela mesma mostre a agenda ou lhe dê as roupas para lavar. Isso fará com que naturalmente ela não mexa no que não é dela sem pedir permissão, lhe dará noções de respeito e limites, e fará com que ela entenda o que é seu e o que é do outro.
  • Uma vez por ano, no dia das crianças e/ou Natal, por exemplo, peça que seu filho identifique os brinquedos que não usa mais e avise-o que enquanto ele faz esse "trabalho" você estará fazendo o mesmo com suas roupas. Deixe que ele vá com você num orfanato ou igreja para fazer a doação. Isso lhe dará um senso de realidade, aprenderá a repartir suas coisas e a não acumular o que não usa. É uma lição de desapego.
  • Convide a criança a guardar os brinquedos e algumas vezes a ajude. Caso ela se recuse, guarde você mesmo num local inacessível e a ensine a olhar no calendário, estabelecendo uma data para que ela volte a poder brincar, três, cinco dias, por exemplo. Ela aprenderá que não se responsabilizar por suas coisas tem consequências que nem sempre são agradáveis. Mas é preciso que você seja firme, pois dessa forma ela também aprende a confiar em sua palavra.
  • Ajudar a criança com suas pequenas tarefas a autoriza a pedir ajuda também. Por exemplo, colocar e retirar os pratos da mesa ou enxugar a louça. Isso desenvolve um senso de solidariedade, ela aprende que as tarefas são realizadas de forma mais rápida e eficiente quando feitas em conjunto.
  • Procure não esquecer de agradecer ou de manifestar sua alegria não apenas por suas solicitações atendidas, como também pelos os gestos de carinho e atenção que crianças que estejam sob sua responsabilidade demonstram nas pequenas atitudes. Elas aprenderão a importância do reconhecimento e da gratidão e também se manifestarão quando as pessoas forem generosas com elas.
  • Conte ou leia histórias, contos de fadas, estimule comentários e impressões a respeito dos personagens e suas ações. Use a historinha para estabelecer paralelos com as situações do cotidiano. Existem livros que têm como meta o desenvolvimento emocional das crianças.
  • Se você puder tenha um animal de estimação. A amizade entre crianças e bichinhos promove um inestimável aprendizado com relação a aceitar as diferenças e desenvolverá nela sentimentos de compaixão, respeito e amor incondicional. Divida com ela os cuidados com o animal, como troca de água, oferta de alimento e banho, por exemplo. Isso lhe dará noções de compromisso com uma vida.

1 comentários:

Aniseed disse...

Exeelente artigo. Muito útil.Obrigada

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(retribuo comentários bem feitos- afinal,se vc escreve bem aqui, escreve bem lá. ;)

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